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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

BRASIL

Por que o carro no Brasil é tão caro? Saiba que a culpa também é sua.

POR aYSLAN gARCIA | 21 FEV 2011

Pátio de montadora de veículosO carro que o brasileiro compra é de 30% a 80% mais caro que o veículo vendido para consumidores que vivem em países como Estados Unidos, Argentina ou México. E, embora as montadoras responsabilizem exclusivamente os altos impostos e os elevados custos de produção pelos preços, o real motivo não é assim tão simples.

Especialistas ouvidos dizem que o mercado brasileiro ainda é pouco desenvolvido e pouco educado. O consumidor aceita pagar altos valores por veículos geralmente defasados e mal equipados porque, na maioria das vezes, dá atenção apenas ao valor da parcela do financiamento, ignorando o valor total, os juros e os longos prazos.

A consequência disso é que, de acordo com estudo do banco britânico Morgan Stanley feito em 2009, a margem de lucro de algumas montadoras é três vezes maior no Brasil do que em mercados similares.

A culpa pelos altos preços, portanto, também é sua, minha e do nosso vizinho. Embora os fabricantes brasileiros não divulguem suas margens de lucro e não façam comentários sobre o assunto, é possível ver a questão pelo contexto mundial.

O analista alemão Stephan Keese, especialista em mercado automotivo da consultoria Roland Berger, diz que o Brasil ajudou a "salvar" os resultados globais de montadoras que não foram tão bem assim em outros países.

- Basicamente, todo o dinheiro que a Fiat ganhou no ano passado foi por causa da operação no Brasil. As montadoras ganham um bom dinheiro no país.

A mesma lógica vale para fabricantes como a General Motors, cuja matriz americana precisou ser resgatada pelo governo para não quebrar completamente durante a crise financeira iniciada em 2008.

As vendas em países emergentes, onde carros de projetos antigos, que já "se pagaram", ainda são aceitos pelos consumidores, ajudaram a tirar os fabricantes do buraco.

Para Mauro Zilbovicius, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP e coordenador do laboratório de estudos da mobilidade, o mercado é, em grande parte, responsável pelo preço.

- No Brasil, estamos acostumados a associar preço a custo, e não se trata disso. Preço é uma questão de mercado. Se o produto vende, é porque tem alguém que está disposto a comprar. Aqui, [o carro] é mais caro porque tem gente disposta a pagar. E o preço mais alto aqui pode compensar uma margem menor [das montadoras] no exterior.
Brasil x México x Argentina
O mercado nacional de automóveis é o quarto maior do mundo, atrás de China, Estados Unidos e Japão. Em 2010, mais de 3,3 milhões de carros e veículos comerciais leves foram vendidos, número 10,5% superior na comparação com 2009. O Brasil também exporta para países como México e, com base nos preços praticados lá, podemos ter uma ideia melhor de como são altos os valores por aqui.

Exemplo 1: o Honda City fabricado no Brasil e exportado para o México custa, por lá, o equivalente a R$ 29.379. Ainda que aplicássemos sobre o preço final a carga tributária máxima para veículos vendidos aqui (36,4% - que, na realidade, vale para veículos de cilindrada maior), o valor por lá ficaria em R$ 40 mil - são R$ 15 mil a menos do que o preço do City de entrada no Brasil.

Exemplo 2: o Volkswagen Gol 1.6 feito em São Bernardo do Campo (SP) custa R$ 17.863 para os mexicanos. Mais uma vez, se aplicássemos a carga tributária máxima para veículos vendidos aqui, o valor por lá ficaria em R$ 24.365. São praticamente R$ 9 mil a menos do que o preço brasileiro.

No caso de veículos importados da Argentina - como Ford Focus e Chevrolet Agile (veja tabela abaixo) - os valores praticados aqui também são consideravelmente mais altos, sem mencionar o fato de que muitos desses veículos são vendidos lá fora com mais equipamentos em sua versão básica do que aqui no Brasil.


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